O que fazer quando alguém que amamos sofre violência doméstica? Como ajudar?
Juridicamente existem medidas protetivas, ações de divórcio e alimentos. Mas na prática, o que é possível fazer para auxiliar alguém a sair de uma situação de violência doméstica?
Essa situação requer, sobretudo, empatia. Muitas mulheres não estão prontas para romper o ciclo e nossa exigência nesse sentido causará apenas o seu afastamento. Importantíssimo o acompanhamento de terapia para que ela se fortaleça e consiga tomar as decisões no tempo dela.

Usualmente a sociedade faz com que a vítima tenha vergonha dessa condição, por isso a primeira coisa é acolher os relatos e o sofrimento, não julgando o porquê daquela mulher permanecer em uma situação tão desfavorável ou responsabilizando-a pela violência sofrida. Possivelmente esse relato não foi um episódio isolado e contá-lo exigiu muita força dela.

É preciso ainda identificar qual a violência sofrida, pois a condução da situação costuma ser diferente a depender do tipo.
A violência psicológica tem formas de cometimento mais sutis e enraizadas, de modo que suas vítimas por vezes demoram mais a se reconhecer nessa condição, constantemente justificando o comportamento do agressor. Nesses casos, costumo sugerir séries, filmes ou livros, que possam despertar a identificação com a situação de violência. Se a vítima não se percebe como tal, por mais triste que possa estar no relacionamento, é difícil que ela faça algum movimento para sair dele, já que artifícios como promessas de mudanças, presentes ou pedido de desculpas são utilizados com muita frequência pelos agressores.

A violência física é mais óbvia e requer uma atuação imediata para proteger a integridade física daquela mulher. Você deve auxiliá-la a sair imediatamente da companhia do agressor, ajudando-a a pensar onde ela vai morar e trabalhar. Pode também cuidar dos filhos, acompanhar ela no atendimento com advogada, auxiliar na reunião de documentos e recursos financeiros, eis que muito da perpetuação da violência está associada à dependência financeira.
Mostre-se disponível: o final de um relacionamento é um luto e possivelmente ela estará muito desorganizada. Seja a parte prática, mas não cobre dela a mesma objetividade.