Por que sou contra o Homeschooling

O homeschooling é quando os pais assumem a escolarização dos filhos: em vez de a criança/adolescente ir para escola, terá aulas em sua própria casa, sendo os ensinamentos ministrados pelos pais ou por pessoas por eles escolhidas. Essa modalidade é permitida em vários países do mundo (ex: Estados Unidos, Canadá, Portugal, França, Itália etc) e expressamente proibido em outros, como Alemanha e Suécia. No Brasil o tema havia sido analisado pelo STF em 2018 quando ficou definido que não era possível à época o homeschooling no país, podendo os pais serem responsabilizados. No entanto, na semana passada um projeto de lei foi aprovado na Câmara, e a discussão segue no Senado. O homeschooling precisará obedecer diretrizes de conteúdo, avaliação e atividades pedagógicas para a formação integral do aluno. Defensores da prática sustentam, dentre outros motivos, que os valores – morais, religiosos e ideológicos – daquela família são incompatíveis com os da escola, além do medo que os filhos se envolvam com violência, drogas e bullying, etc. Em contrapartida, diversas entidades e profissionais da educação são contrários a prática, alegando prejuízos na socialização e habilidades cognitivas desenvolvidas em grupo. Além dos motivos acima, sou contra o homeschooling no Brasil em razão das estatísticas de violência sexual no país. Entre 2017 e 2020, 180 mil crianças e adolescentes foram vítimas de violência sexual no Brasil. Em 2021, foram registradas 18.681 denúncias e em 2022 já foram contabilizadas 4.486 denúncias, sendo que estima-se que apenas 10% dos casos cheguem ao conhecimento das autoridades. O abuso é iniciado geralmente entre os 6 e 12 anos e 86% das violências são praticadas por conhecidos (pais, padrasto, avô, tio) e 67% dos casos acontecem dentro das residências das vítimas. Nesse cenário, em que as crianças e adolescentes são socializadas em ambientes de violência sexual, a escola é um importante contraponto, capaz de identificar e denunciar violências, além da possibilidade de ensinar que crianças identifiquem abusos através da educação sexual. A ausência do ambiente escolar aumentaria a solidão dessas crianças e a invisibilidade do seu sofrimento.
Além disso, provavelmente essa seria (mais) uma atribuição das mães, aumentando a sobrecarga dessas mulheres,
Tal modalidade de ensino também acentua desigualdades, sobretudo de renda. Em muitas famílias a escola é o único lugar onde a criança faz uma refeição decente. Ademais, em um país onde o índice de analfabetos é imenso e de analfabetos funcionais maior ainda, a prática do homeschooling só traria bons resultados em famílias abastadas que tivessem condições financeiras de promover essa experiência de forma completa.
No tocante à questão de diversidade e inclusão esse tema também é muito sensível, já que crianças e adolescentes PCD´s ficariam totalmente isolados e os demais sem qualquer convívio (e respeito) à diferença.
Sou contra o homeschooling. E você? Deixe sua opinião abaixo.