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RACISMO INSTITUCIONAL E A MULHER NEGRA


A ausência de consciência da presença do racismo nas mais variadas práticas e espaços sociais é um dos maiores entraves para a sua eliminação. A crença, socialmente difundida, de que somos um povo pacífico, heterogêneo e culturalmente diverso, invisibiliza e nega as violências do quotidiano, forjando uma estrutura racista cujas teias são entranhadas em piadas, linguagem, história, medicina e, claro, no Direito.


Os reflexos da acriticidade com a qual se ensina a história da escravidão, somada a ausência do reconhecimento de uma dívida histórica para com a população negra e “verdades biológicas” sobre raça permeiam todas as instituições e o inconsciente coletivo. Portanto, o racismo faz parte da estrutura social brasileira, e se configura quando pessoas negras são excluídas da maioria das estruturas sociais e políticas, e as instituições privilegiam os/as brancos/as em detrimento das vidas negras (KILOMBA, 2020, p.77).


Estereótipos infundados de que negros tem mais força física, sentem menos dor ou são mais propensos à vadiagem e à criminalidade são utilizados para justificar sentenças judiciais discriminatórias, tratamento diferenciado em instituições e ausência de leis e políticas públicas que tutelem seus interesses e especificidades. Isso sem falar em um Estado policial punitivista e um sistema penal seletivo, que possui cor e classe social.


As mulheres negras são vítimas de uma dupla opressão –de gênero e raça – que as coloca na base da pirâmide social com os menores salários e os maiores índices de precarização de trabalho do país. A crença de que pessoas negras são mais tolerantes à dor dá margens à violências obstétricas, como a reduzida analgesia para mulheres negras em trabalho de parto. Além disso, a mortalidade materna de mulheres negras é seis vezes maior do que a de mulheres brancas.


E o que pode ser feito, individualmente, enquanto pessoa branca?

Desacostumarmos com o racismo.

Enxergar a escancarada ausência de representatividade em espaços públicos e privados, questionando a pretensa normalidade com a qual eles são socialmente ocupados.



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